30.12.09

2009 avaliado

Mais um final de ano. Sabe que, ao contrário dos outros anos e das outras pessoas, não achei que 2009 passou rápido. Na verdade, parece que o ano durou exatamente um ano para passar. Que estranho!

Continuando a minha centenária tradição de avaliar o ano que passou, segue a minha lista de resoluções do ano passado, devidamente comentada:

- Acompanhar incessantemente o desenvolvimento do meu filhote;
Recentemente me surgiu a sensação de não ter estado presente tanto quanto deveria. Mas percebi que foi só uma impressão. Aliás, a partir de setembro, quando finalmente fiquei sem babá de vez e passei a trabalhar das 14h às 20h, tenho passado muito mais tempo com o meu rapaz. Cada palavra que ele aprende é um festa. Aqui em casa é festa o tempo todo...

- Curtir mais o meu marido - e dizer sempre: "Já falei que te amo hoje, Du?";
Quanto mais melhor, né? Ainda acho que não foi o suficiente. Fica prorrogada a temporada de curtição ao marido.

- Manter a organização da minha casa e dos meus horários;
Achei uma maneira ótima de colocar essa resolução em prática. Pago para arrumar minha casa e passar minha roupa. Pago para lavar e passar a roupa de Cacá. Fico com a parte de fazer o almoço, cuidar de Cacá, de Dudu e de mim. Trabalhando à tarde, é mais fácil de chegar no horário também...

- Pela terceira vez consecutiva - voltar a malhar;
Eu voltei! Malhei durante dois meses inteiros! Não foram consecutivos, mas foram preciosos para eu ver que nunca tive saco para esteira. Eu sempre gostei das aulas de step, jump, essas coisas. Mas não vou sacrificar meu tempo com Cacá e Dudu para me adaptar aos horários da academia. Porém, há uma luz no fim do túnel. Depois de mais de 15 anos, voltei a dar umas voltas de bicicleta. Eu, Dudu e Cacá, numa cadeirinha para bicicleta gentilmente doada pelo meu amigo Alexandre Lacerda. Valeu Xande! E, olha, foi massa...

- Fazer minha cirurgia de miopia;
Essa parte foi dureza. Já falei sobre isso aqui. Fiz os exames, meu plano de saúde cobre, mas minha córnea é muito fina. Cirurgia de miopia só se inventarem uma tecnologia totalmente diferente. Mas fiquei triste mesmo quando o dr. Lúcio disse que eu não poderia usar lentes de contato. Foi péssimo, pior do que não poder fazer cirurgia (sem a cirurgia eu tinha a esperança da lente mas, e sem lente?) Felizmente o dr. Lúcio me explicou direito em outra consulta. "Assim que curar essa inflamaçãozinha você vai poder voltar a usar lentes de contatos normalmente". E a vida é bela...

- Tirar a carteira de habilitação;
Não tirei. Fica pra janeiro.

- Me preparar para o mestrado;
Comecei a me preparar. Fiz pesquisas e coisa e tal. Mas, projeto mesmo, só em 2010. Bom é que fiquei sabendo que o curso ao qual eu me candidataria não está tão firme e desta vez estará melhor...

- Conversar sempre, e muito, com a minha família - em especial minha mãe e irmã;
Essa foi cumprida, como as conversas foram compridas. (Tá, o trocadilho é infame, mas não resisti). É sempre muito bom conversar com elas...

- Curtir minhas sobrinhas;
Curti sim. Passeei, brinquei... Fui ver a apresentação de balé. Só fiquei devendo a Feira de Ciências.

- Aprender algo novo - outra língua, outro programa de computador, qualquer coisa.
Já estava pensando que essa aqui não tinha sido cumprida. Vinha pensando nisso há dias. Mas neste exato momento lembrei que aprendi uma coisa: seguir receitas para tentar pratos novos. Além da torta mineira que bombou aqui e em casa, alguns outros pratos fizeram sucesso. Não é um aprendizado do campo profissional, mas é igualmente prazeroso. Gostar de cozinhar é sinal de que estou ficando velha??


Em brve: resoluções para 2010.

17.12.09

Palavras... erradas IV

Se você disser a Deus que você tem um "plobrema", ele vai te responder:
"Meu filho, você tem dois!"

20.10.09

Domingo feira

Domingo de manhã, resolvo ir à feira livre com a minha mãe. Só pra constatar mais uma vez: aquilo não é lugar pra mim. E eu estou cansada de saber disso, mas de vez em quando vou lá confirmar. Dessa vez ainda levei Cacá, no sol, no calor, no braço. E fui só de acompanhante, mesmo, nem comprei nada.

A feira livre pode ser absorvida por todos os sentidos. Dúvida?

Audição: De cara, alguém cantava no CD alternativo: "Sou eu... Esse alguém sou eeeeeeu". Acho que era assim. Não-sei-quem-lá e Mateus, me parece.

Mais na frente um menino de uns 12 anos gritava loucamente "#*&$#&%¨#&¨$#&¨$&@*&#¨$ 15 laranjas é um real". Não entendi o início, mas era a cara de Zezé Di Carmago na rodoviária.

O tio: "Aqui dona! É vermelha e doce! É vermelha e doce!" Era uma melancia, pervertidos...

E a tia: "Feijãozim verde, dona? Coloco aqui pra você, um litro mais uma mãozada ". Sai de baixo, moss. Quero lá saber de mãozada...

Visão: Tá. É colorido. Mamões e abóboras maduros são bonitos. Mas não me agrada ver frutas se perdendo. Sempre fico pensando na angústia que deve ser a vida de uma maçã que tem um furinho. Todas sendo levadas e ela lá... jogada. Cada um que examina é uma chance a menos de ser levada. Sério! Quase levo as maçãs furadinhas pra casa, de tanta pena que fico. Quase!

Os velhinhos e velhinhas. Tem tanto idoso na feira, vendendo coisinhas mixas... Velhinhas magrinhas, sofridas. Geralmente elas tem dedos compridos, uma pele que é quase um couro, enrugadas. Algumas carregam caixas, ou ficam agachadas perto dos montinhos de maxixe, quiabo e chuchu. Fico imaginando se um dia todas as velhinhas do mundo estarão "com a vida ganha", vivendo como devem - trabalhando se quiserem, mas sem exigir mais do corpo do que ele aguenta.

Gente. É tanta gente, mas tanta... Meu Deus! Se Cacá sumir no meio desse povo, como é que eu acho??

Olfato: Cheiro de manga é uma delícia. Mas só se for manga-rosa porque, sério, numa feira livre não encoste numa manga de camisa. Se for uma camiseta sem manga, corra. Se for masculina, torça pra ser abduzida. Na verdade, o cheiro me parece um massa marrom que envolve tudo até um metro acima das nossas cabeças.

Depois tem o cheiro de fruta estragada, de gordura fritando, às vezes até de galinha...

Paladar: O óleo em que a tia fritava os pastéis era preto. Não tive coragem de comer nada. Procurei uma água de côco, mas desisti. Os biscoitos de polvilho, avoadores, me chamaram a atenção. Mas não ia comprar, achei melhor não experimentar...

No barzinho, a coca-cola mais gostosa que já vi alguém tomar. O menino tinha uns oito anos. Camisa do flamengo, chinelo velho, bermudinha. Vai ver chegou cedo, trabalhou igual gente grande. A feira foi boa e o pai fez um luxo: comprou uma coca-de-600 pra dois. O copinho tipo americano parecia um troféu, juro. E ele lá, todo digno, bebendo aos pouquinhos.

Tato: Essa é a parte mais dureza pra mim. Não tenho mais idade pra muvuca, não. Se alguém me passa a mão?? E você escorrega num bagaço de laranja. E rala a perna no carrinho que o velhinho puxa. E alguém passa uma sacola molhada no seu braço. E é um tal de aperta manga, maçã, laranja, pimentão... Um calor da zooooorra. Cara, como uma abóbora pode pesar tanto???

Mas, na verdade, nada disso conseguiu derrubar meu bom humor. Dei muita risada de Cacá escolhendo laranja. (Uma delas caiu embaixo da banca. Confesso: deixei lá. Pensei no desperdício de comida, nas frutas estragando, na responsabilidade sócio-ambiental e no aquecimento global. Mas a banca era baixa, e comprida. Não quis arriscar. Botar minha bunda pra cima ali? Nããão...)

Cacá ainda "comprou" uma redinha de maxixe. Nem sabe o que é, acho que nunca comeu. Mas vovó achou bonitinho ele carregando e pagou. Figurinha, com as bochechas rosadas.
Ainda ganhei um prêmio ao chegar na casa de mamãe: uma grande e cheirosa manga-rosa, fresquinha, cortada em cubinhos.

Ps.: Também fiz feira de frutas no domingo. No supermercado.

29.9.09

Do you believe in ghost?

Acredita em fantasmas? Premonição? Acredita só em coincidências?

Foi numa tarde comum, lá na casa da minha mãe. Eu e minha irmã na mesa, ela pôs uma moedinha dentro de um potinho de vidro e o fez rolar sobre a mesa.

"Do you believe in ghost?" perguntou, com a maior cara de Molly. Eu, que não sei fazer cara de Sam, me lembrei na hora o filme - Ghost, do outro lado da vida.

Aí a gente ficou recitando as falas dos personagens em diversas cenas do filme. "É maravilhoso, Molly. O amor verdadeiro, nós o levamos conosco para sempre". "Eu tinha uma vida, seu desgraçado". "Ele disse que te ama - Ele não diria isso - Diga, idem! Idem". E por aí vai.

Fazia um tempão que a gente não lembrava dessa parte da nossa adolescência. Sim, por que Sam Wheat é uma parte da nossa adolescência.

Qual não foi a nossa surpresa quando, no dia seguinte, os jornais anunciam a morte de Patrick Swayze. Há muito tempo a gente não falava disso e a minha irmã foi lembrar do cara logo no dia da morte dele.

Coincidência, claro. Mas minha irmã tem uns pressentimentos... estranhos.

Foi há muito tempo, a gente ainda dividia o mesmo quarto. Ela conta que estava sonhando com um tio nosso - Tio Francisco, que morava em Belo Horizonte. Diziam para ela, no sonho, que o nosso tio tinha morrido. O barulho de telefone acabou com o pesadelo. Aí ela levantou, atendeu e era um dos nossos primos de BH dando a notícia de que Tio Francisco tinha... morrido. Credo!

Fora aqueles sonhos em que ela via o quarto como se estivesse acordada, mas, em volta da minha cama, um monte de conhecidos que já passaram dessa para a melhor. Todos olhando para ela como se esperassem alguma resposta... E ela me via lá dormindo, feito uma pedra, com os defuntos ao lado. Deus-me-livre!

As histórias são muitas. Ela já sonhou com a nossa vó, num túnel de luz, convidando para ir com ela. Claro que ela não foi. Ainda bem! Já passou mal enquanto dormia, ao mesmo tempo em que eu passei mal na rua. Já sentiu cheiro de rosas vindo de lugar nenhum. Já viu luzes estranhas que rodavam pelo quarto. Já viu uma silhueta feminina estranha fazendo sinais na porta do nosso quarto. Ih... são muitas histórias.

Eu acho que essas coisas tem a ver com as fortes dores de cabeça que ela sentia quando era criança, e mesmo depois, adolescente. E achava que ela nem pensava mais nisso. Até ela me pedir:

- Lembra que eu falei de Sam no dia que Patrick Swayze morreu?
- Ahan.
- Você deveria escrever sobre isso no seu blog. Eu já sei até o título: Do you believe in ghost?

16.9.09

Tem alguém me seguindo

Tenho dois deputados federais me seguindo no Twitter. Dois! Fernando Gabeira e ACM Neto. Bem eclético, né?

E eu que não queria entrar naquele negócio. Agora fico aqui me perguntando o que as pessoas acham de interessante no que eu digo...

Sigam-me os bons: @shirleydeq

Sigam aquele carro aqueles deputados: @acm_neto e @gabeiracombr

11.9.09

Brasil 4x2 Chile

Marido acaba de chegar de Salvador. Foi a trabalho e tals. Numa dessas reuniões uma conhecida fez a proposta: "Tenho ingressos do jogo BrasilxChile. Bora?"

Bem amigos... Marido assistiu ao jogo, no estádio de Pituaçu, na tribuna de honra do Governo do Estado. De graça!!!


Atenção para o detalhe do valor do ingresso: R$ 250!!!


E, para não perder a piada: Dinheiro, ele não tem. O que lhe sobra é o "Gramour"!!

Ps.: Todos os homens da minha família ficaram roxos com bolinhas verdes de inveja. kakakakka.

10.9.09

Fina, muita fina

Há uma parte do meu corpo que começa com C termina com A e é fininha, muito fininha. Se você pensou "cintura"... Obrigado, mas infelizmente essa parte poderia ser mais fina um pouco. Eu agadeceria.

Na verdade, muito fina mesmo é a minha córnea. A maioria das pessoas - tenho certeza - nunca se importou com a espessura das próprias. Eu mesma nunca sabia que se media isso. Até que ventilei a idéia de fazer uma cirurgia de miopia.

Mas, não basta ter cerca de 7 graus de miopia em cada olho. Eu tinha que ter também as córneas tão fininhas, mas tão fininhas, que impossibilitam a cirurgia.

"Impossível não é. Você pode encontrar algum maluco que tope fazer. Eu não faria de jeito nenhum". Foi assim que a oftalmologista Dra. Fabíola Mansur me deu a notícia. "Mas aí a maluca seria eu", respondi, claro.


O que a Dra. Fabíola me explicou é que geralmente as córneas das pessoas normais comuns tem entre 500 e 600 micrômetros (µ). A cirurgia consiste em cortar uma parte da córnea para que a imagem que passa através dela se forme no lugar certo e não fique desfocada. Ou seja, diminuindo a espessura da córnea, diminue-se o grau da miopia.

Resumidamente, a cada 15µ retirados, diminue um grau de miopia. Além disso, a córnea tem que ficar com, no mínimo, 420µ de espessura, se não podem acontecer complicações.

O problema é que, no meu caso, uma tem 466µ e a outra 457µ. Faça as contas: 7x15=105 ==> 457µ - 105µ = 361µ. Que miserê! Só 361? Pãodurisse da porra. Nem precisa fazer a conta da outra.

E mais - Dra. Fabíola acrescentou na conta: "Você tem 50% de chance de apresentar complicações". Deus me livre!

A notícia boa é que toda essa fineza é "normal", ou seja, não é causada por doença. Tipo assim, uns tem nariz grande, outros tem orelhas de abano, eu tenho córneas finas. Normal, ué!

De resto é conviver pro resto da vida com óculos ou lentes de contato.

Ps.: Um micrômetro corresponde à milésima parte do milímetro.
Ps.2: A córnea é a parte transparente na frente do olho.
Ps.3: Dr. Marcelo Mesquita, que também acompanhou meu caso, é muuito gato - com todo respeito a quem possa interessar.
Ps.4: Caio quase quebra um equipamento deles lá. Misericórdia!
Ps.5: O exame que confirmou minha indigência de µ custou R$ 200!! Isso porque teve um desconto de R$ 150!!!

2.9.09

Torta Mineira

Até sei cozinhar. O que eu não tenho muito é jeito. Mas me empolguei com essa torta mineira - que recebeu vários elogios:

10.8.09

Porque as pessoas não passam na faixa?

Observando o trânsito da cidade descobri que alguma coisa muito misteriosa acontece com as faixas de pedestre. Talvez você não tenha percebido, mas elas são um sinal da conspiração de seres extra-terrestres para a exterminação da raça humana. Minha mente se abriu e eu enxerguei a verdade. Só uns poucos iluminados já perceberam isso.


Pessoas muito conectadas com sua idéia de mundo (vide Matrix) não se dão conta de que as faixas, na verdade, queimam os pés de quem passa por elas. Pisar naquelas listras brancas é um perigoso ato suicida.


Além disso, elas balançam de um lado para o outro, tremem e oscilam - tudo na tentativa de derrubar o distraído transeunte. Se o pobre pedestre se desquilibra e cai, então, é o seu fim. Ele será tragado para os confins da Terra, onde as naves alienígenas - estacionadas numa espécie de túnel de metrô macabro - se encarregam de levar o frágil corpo, aos pedaços, para um laboratório fora da Via Láctea. De lá, ninguém ainda voltou para contar o que aconteceu.


Como está claro desde o início, apenas algumas pessoas - cujas mentes estão muito além da nossa pífia compreensão - percebem o perigo que as faixas representam. Elas, portanto, nunca atravessam em cima desses terríveis sinais.


Essas pessoas atravessam as ruas zigzagueando entre carros e motocicletas, há cerca de quatro, cinco metros da faixa de pedestre. Elas nunca se arriscam a esperar que os carros lhes deêm passagem se, para isso, tiverem que pisar na maldita sinalização. Nós podemos até não entender, mas eles sabem que se arriscar a ser atropelado vale muito mais a pena do que passar na faixa.


Por isso, mude de vida - assim como eu mudei. Quando estiver de carro ou de moto, nunca mais se irrite com as pessoas que atrapalham o trânsito ou se arriscam a um atropelamento. Elas estão apenas querendo abrir a sua mente.

5.8.09

O que é isso?

Sério que me encaixo bem melhor no time dos céticos. Ninguém ainda me convenceu de que extra-terrestres fazem visitas à Terra; que alguém consiga entortar colheres com o poder da mente; ou que é possível ver o futuro na palma da mão. Não estou dizendo que não existam essas coisas - estou dizendo que ninguém ainda me provou que existam.

Sempre que aparece uma foto ou vídeo que prova definitivamente alguma coisa dessas, sempre aparece uma explicação - às vezes até muito simples - para a fraude ou o engano. Aliás, adoro descobrir como essas coisas são feitas (um dia vou forjar um vídeo ou foto assim e assombrar o mundo! Uaahhaahaha)

Só que essa semana me deparei com um vídeo estranho, muito estranho. Primeiro que parece um videozinho casual mesmo. Depois porque, ao contrário dos outros vídeos que encontro sobre coisas estranhas, não encontrei na internet nenhum comentário sobre ele. Ou seja, não sei como ele foi feito -- nem o que é aquilo correndo do lado esquerdo da tela.

Preste atenção e me diga: O que é isso? Não me venha dizer que é um gnomo ou duende, porque eu não sou a Xuxa. Ou então me prove que este tipo de coisa existe.


11.7.09

A novíssima geração

Sabe uma coisa que pode ser muito interessante? Conversar com criança. Ouvir mesmo, de forma respeitosa, as idéias dela.

Professoras geralmente tem ótimas histórias. Uma delas perguntou pra turma o que era uma despensa e uma garota falou: "É quando a gente esquece. Porque a gente pensa, depois a gente despensa".

E tem a música da minhoca ("Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca. Não dou, não dou. Então eu vou roubar. Smack! Minhoco, minhoco, você é mesmo louco: beijou do lado errado, a boca é
do outro lado"). As crianças não tem essa mente poluída que a gente tem. Quando a professora perguntou "onde o minhoco beijou?", as crianças responderam "na nuca"!

Tem um monte dessas coisas deliciosas que as crianças falam, e que a gente ouve falar, mas uma delas me assustou. Soube dessa história, mas a pessoa que me contou não falou quem era a criança, claro, nem a escola...

A garota tem uns seis a sete anos, e a família tem muita grana. Aí ela resolveu que não queria aprender a ler. "Porque não, fulana?" "A minha vó é rica, tudo que é dela vai ser meu. Pra quê
preciso estudar?" O único argumento que parece ter funcionado com ela foi o que a professora usou: se você não souber ler, as pessoas vão te enganar e te roubar. Pois é.

É o tipo da criança que não faz nada sozinha, tem sempre alguém pra fazer por ela. Pra comer, pra se vestir, qualquer coisa, a babá está lá. Chegou ao ponto de ir pra escola e se ninguém
abrir a lancheira pra ela, ela não come.

Um dia, tiveram a idéia de levar a filha da empregada pra brincar com ela. A menina era mais nova. E mais independente, claro. Foram para o computador (brincadeira desse tipo de criança é
computador, né?) Aí a menina tascou o pau lendo na internet e a anfitriã não gostou. Achou um desaforo e bateu na visita.

"Porque você bateu nela, fulana? Isso não pode..." "Mas, vó! Porque você está brigando comigo? É só a filha da empregada..."

É essa a nossa novíssima geração?? De quem é a responsabilidade?

8.7.09

Na hora da prova

Trabalhar numa faculdade oferece momentos excelentes. Assessora de Imprensa, registro praticamente todos os eventos, ou seja, assisto pelo menos parte de cada uma das palestras e tal. Daí que você tem contato com assuntos interessantes da Psicologia, da Administração, do Direito, enfim.

Outra coisa interessante é você conviver com pessoas de diversos níveis culturais, educacionais. Às vezes, um mesmo assunto é discutido, ao mesmo tempo, por pessoas que mal terminaram o ensino fundamental e por doutores. Observar isso é muito interessante.

Mas há os estudantes... Estudantes são a espécie de gente mais feliz do mundo. Meio-dia, solzão, com fome, às vezes não tem um real no bolso. Mas sempre passam rindo, falando alto, se divertindo. Ou ficam no barzinho em frente, tomando cerveja em plena terça-feira de tarde.

É claro que estudante é impulsivo, tem sempre razão e fala alto. De resto, são só momentos divertidos. Como esse, das fotos abaixo. Alguém me explica porque a pessoa não estava estudando durante o tempo em que ficou fazendo essa dissertação na cadeira? Será que o professor não desconfiou da nova decoração do móvel?? Isso só pode surgir da mente de um estudante:

É muita arte!



Consegui descobrir que a prova era da área de Saúde. Dá pra ler "Hepatite", "Malária", "Herpes Simples"... Mas acho que é possível ler "usar sutiem com orifícios centrais para sustentar a mama e melhorar a circulação". (!!)

29.6.09

Palavras... erradas III

Toda vez que eu vou no Bom Preço num hipermercado que tem aqui, eu vejo uma barbaridade. Atentados violentos ao bom português. Dessa vez foi o Iogurte:


20.6.09

Uma faísca no fim do túnel

Depois da porrada, a estratégia. Vários dos meus colegas de profissão - aqueles que estudaram para isso - começaram a pensar na reação que poderiam ter.

Recebi por e-mail a seguinte mensagem:

"Helô* e Shirley, vamos realizar uma telereunião da Fenaj sobre o diploma na segunda-feira para começar a reiniciar nossas atividades. Depois da porrada, no dia seguinte a executiva se reuniu e marcou reunião com os presidentes dos sindicatos. Vamos investir em várias frentes, mas não podemos continuar a agir sozinhos porque não fomos ouvidos porque nos calamos em massa. Beijos e força
Marjorie**"

*Helô é Heloísa Sampaio, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, hoje assessora de imprensa da Rede de Ensino FTC.
** Marjorie é Marjorie Moira, do Grupo A Tarde.

E essa notícia, que trouxe um pouco de esperança, eu vi ontem na internet:


Miro Teixeira deve propor projeto para regulamentar a profissão de jornalista

RIO DE JANEIRO - O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) afirmou nesta quinta-feira que poderá propor ao Congresso um projeto de lei para regulamentar a profissão de jornalista, após ouvir os representantes da sociedade civil e entidades do setor.

(...)

-Temos que verificar, nos votos dos ministros do Supremo, onde estão os focos da inconstitucionalidade e aí suprimi-los, para construir uma regulamentação profissional, o que está amparado pela Constituição - disse.

Segundo o parlamentar, a decisão do Supremo não levou em conta a evolução das profissões. Ele citou como exemplo a advocacia.

- Os advogados, antigamente, para atuar nos tribunais, não precisavam de diploma. Depois, havia o diploma, mas não o exame da Ordem. Em seguida, além do diploma, passou a ser necessária uma prova duríssima na OAB - explicou Miro.

A construção de uma lei regulamentando a profissão também é defendida pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo.

- A Constituição diz que é livre o exercício das atividades profissionais no país, na forma estabelecida em lei. Se o questionamento é sobre um decreto-lei da ditadura, agora, sob o império e o abrigo da Constituição de 1988, é possível fazer outra lei para legitimar essa exigência do diploma - afirmou Azedo.

(...)

Para o professor de comunicação, autor de vários livros sobre jornalismo e atualmente presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, a decisão do STF beneficia principalmente os donos de empresas.

- Não concordo com a tese de que estavam defendendo a liberdade de expressão. Foi uma desconsideração do Supremo com a importância da atividade jornalística - afirmou Sodré.

(..)

Veja o texto completo.

18.6.09

(*#$&*%&#*@(#

Eu tenho vários assuntos para postar aqui. Gosto de fazer as pessoas pensarem, rirem e tal. Mas hoje tô com um nó na garganta, compartilhado por todos os meus colegas de profissão.

Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a exigência de diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista.

A vontade que eu tenho é de gritar e escrever milhares de palavrões, os mais escabrosos posssíveis, e insultar os senhores juízes de formas irremediáveis e que os atribulasse para os restos das vidas deles. Afinal, tudo em nome da não-censura né?

O argumento dos filhos de chocadeira é de que todos tem direito à livre expressão. Mas pelo-amor-de-Deus, quem cobrou diploma para o cara expor sua opinião? Ninguém precisa de diploma para expor sua opinião. O trabalho do jornalista é justamente o CONTRÁRIO. Expor a NOTÍCIA em detrimento da sua opinião.

Ninguém NUNCA disse que quem não tem diploma não pode expressar-se. Porque há uma coisa chamada colaborador. Uma crônica, um artigo tem espaço no jornal e pode muito bem ser escrito por outro profissional. Mas a matéria, a reportagem exige uma técnica que tem por suporte toda uma teoria...

Técnica e teoria a gente aprende na universidade. Tudo bem que o cara sabe escrever bonitinho. Mas e as relações sociais e filosóficas que permeiam a comunicação? E as teorias que acendem uma luz sobre como redigir um texto? Porque escolher esta palavra e não aquela? Como isso pode influenciar na interpretação da notícia? Como escrever corretamente e de forma que os leitores - de todos os níveis sociais - entendam? Como fazer para que a notícia sobressaia à opinião do jornalista? Jornalista???

Outras perguntas:

Se eu estudar as leis, o código penal e tal, na minha casa, posso ser advogada??

E dizem que os cursos superiores de jornalismo não vão acabar. Quem vai fazê-los? Os filhos dos invertebrados anencéfalos chamados ministros??

O chefe da empresa pode escolher uma pessoa diplomada em vez de um cara com ensino médio. Mas porque ele faria isso?? Quem está preocupado com qualidade?? Os ministros??

Porque o filho da puta comparou o jornalista ao cozinheiro quando disse que nenhum dos dois precisa de diploma para fazer o que fazem? Ele é idiota ou o quê? Nada contra os cozinheiros. Aliás, seguindo sugestão do meu amigo e colega Tijolo, vou abrir um restaurante. Sem formação nenhuma para isso, vou convidar o babaca do ministro para uma refeição...

Para que existe a internet, senão para a livre expressão? Os blogs estão aí e ninguém precisa ter feito faculdade para colocar a boca no mundo. Mas daí a chamar qualquer coisa de jornalismo...

Uma última pergunta. Não há mais esperança??

Ps.: Eu tinha mais um monte de coisa pra falar sobre isso. Eu tenho muito mais indignação para postar aqui. Mas para essa indgna nação: Vá pra puta-que-pariu!

13.6.09

Palavras... erradas II

Num conhecido hipermercado em Vitória da Conquista. O povo da Wal-Mart não deve saber disso...

Alguém me explica o que são "palenas"? E "aprelhos"? Só faltou colocar "vrido", para completar...

Os expositores são "monitorado", mas o texto não...

12.5.09

Verdade ou mentira?

Vi essa brincadeira no blog de Michele há um tempo e resolvi fazer no meu agora.

Será que os amigos que me visitam sabem quais das alternativas abaixo são corretas? Quem acertar tudo ganha um doce. (Uma dica: é meio-a-meio - metade verdade, metade mentira)

Deixe sua opinião aí nos comentários, que daqui a pouco a gente confere.


01 - Já fui pra casa escoltada pela polícia.

02 - Já doei sangue.

03 - Já sobrevoei a cidade num helicóptero.

04 - Já fiquei perdida, de madrugada, numa capital do Nordeste onde não conhecia ninguém.

05 - Já mergulhei perto de um recife de corais.

06 - Já fiquei quatro horas sem sentir as pernas.

07 - Já passei a noite numa fila para comprar ingresso de show.

08 - Já joguei o Campeonato Estudantil de Handebol.

09 - Já fui no Programa do Jô.

10 - Já fiquei presa do lado de fora do apartamento, só de toalha.

11 - Já bati o carro do meu pai porque não sei dirigir.

12 - Já viajei meia Bahia de moto.

8.5.09

Tango

Olha meu irmão:



Achei massa! Também queria dançar Tango... A parceira é Anne.

Ontem (07 de maio) foi aniversário do meu irmão caçula. Completou 23 anos e meio. Parabéns irmão!!

18.4.09

O Photoshop e a auto-estima

Coisa boa de lidar com pessoas é poder observar o comportamento, as reações delas. Geralmente, a maioria reage da mesma forma aos mesmo estímulos. Às vezes a gente se surpreende - e é aí que mora a beleza.

Trabalhando numa faculdade, tenho contato com gentes de todos os tipos. Há os ricos e os pobres; os que estudaram muito e os que não puderam; os de pensamento rápido e aqueles nem tanto; os bonitos e os feios; os senhores, senhoras e os quase-adolescentes; enfim, pessoas.

Uma oportunidade deliciosa de observar o comportamento das pessoas me apareceu outro dia. Foi necessário fazer fotos 3x4 dos funcionários e, claro, a função coube a mim. Cerca de 40 pessoas posaram para a lente da Cyber-shot aqui da Ascom.

Todo mundo que já tirou uma 3x4 sabe que o formato tem o poder mágico de deixar a gente feio. As colegas mais chegadas, sabendo da minha paixão pelo Photoshop, nem pensaram na possiblidade de não receber uns retoques.

Até aí tudo bem. O negócio foi que a notícia se espalhou e eu acabei "tirando manchinhas" em quase todas as fotos. Trabalhoooso, mas foi legal. E a reação das pessoas me surpreendeu. Acostumada que sou a trabalhar com imagens, não imaginei que isso seria uma experiência singular para alguém.

Nada paga a reação das meninas dos Serviços Gerais quando se viam com a pele melhorada e um pouquinho de maquiagem. "Menina, você faz milagre", "Linda, ficou linda", "Vou aproveitar essa aqui pra renovar minha Carteira de Identidade", "Dá pra colocar batom e lápis?!?!"

Eu só respondia assim: "Você ainda acredita que a Juliana Paes não tem uma celulite na bunda?"

Os meninos também pediram retoques. "Pode tirar mancha do rosto?", "Dá pra fazer a barba?", "Escurecer os cabelos brancos?". Até pra afinar o nariz teve candidato. Pra eles, eu respondia: "Ainda acha que aquelas mulheres de Playboy são perfeitas?"

No final das contas teve gente pedindo para fazer uma "foto maiorzinha", contando pras amigas como ela tinha ficado bem na foto. Todo mundo achando/sabendo que pode ser mais bonita do que no dia-a-dia. Que espelho o quê - cara boa é a do Photoshop.

Acho que não se trata de simples vaidade - nem de não querer se aceitar, nem nada disso. É a velha afeição por si mesmo, a alegria de se sentir admirável e atraente, coisa que faz bem pra todo mundo.

Para mim, pelo menos, fez um bem danado ver as pessoas sabendo que, se precisar, cada uma delas pode ficar "parecendo uma artista".

A minha foto? Mandei uma que eu já tinha, de quando precisei renovar meu RG, recentemente. Sem Photoshop, sem maquiagem - tirada na Kombi que fica perto do Fórum.

Ps.: O título do post é criação de Dudu, que também disse que eu precisava escrever sobre isso aqui no blog.

31.3.09

O peixe

Duda fez sete anos e a titia resolveu dar chocolates e um peixinho de presente. Só que a titia aqui não imaginava a odisséia que enfrentaria para comprar as tais lembranças.

O Carassius auratus é um peixinho ornamental conhecido por aqui como peixinho-dourado ou
cauda-de-véu. Acabei de descobrir que ele é uma das espécies mais manipuladas pelo homem e que pode crescer até os 30 (trinta!!!) centímetros.

Aproveitei um brecha no trabalho e fui na loja de peixes. A única coisa definida era que eu queria o cauda-de-véu. Sempre quis uma cauda-de-véu: acho lindo! Até pensei em comprar um pra mim e pro meu filhote, mas... 30 centímetros? Só se for pro almoço...

Na loja, fui atendida cordialmente por uma moça, que me explicou como seria cuidar do bendito peixe, do que eu precisaria para montar o aquário e tal. Eu teria que voltar à loja ao meio-dia para levar o aquário montado. Paguei no cartão de débito e fui trabalhar feliz da vida.

Meio-dia e pouquinho, a moça não estava mais lá. No lugar dela, um rapaz me informou que eu não poderia levar o cauda-de-véu:

- Esse peixe já é de um cliente.
- Mas ela me vendeu, então o peixe é meu.
- Você pode escolher outro.
- Onde estão os outros?
- Não tem mais cauda-de-véu, você pode levar um beta...
- Meu querido, eu não quero um beta. Eu comprei um cauda-de-véu...
- Mas não tem...
- E daí? Você pode comprar o peixe em outra loja e me entregar.
- Não. A senhora leva o aquário vazio e tenta achar o peixe em outra loja.

Foi nessa hora que eu percebi que eu devo ter uma cara de besta enorme. Com um letreiro no meio da testa piscando em neon: besta, besta, besta...

- Você tá me propondo que eu saia daqui com um aquário vazio rodando de loja em loja tentando achar um peixe que vocês me venderam e não me entregaram?
- Ou então a senhora leva um beta.
- Ou então você devolve meu dinheiro, desmonta o seu aquário e eu vou comprar numa loja que preste.

Oitenta e seis dinheiros (86!!!) na bolsa de novo, saí da galeria espumando, pisando duro, retada - como se diz por aqui. Confirmando, mais uma vez, que o povo dessa cidade não sabe ganhar dinheiro.

Puta-que-o-pariu. Onde é que vou achar outro Carassius auratus numa altura dessas? Já estava procurando algumas boas desculpas para a sobrinha, quando o telefone toca (meu número tinha ficado numa nota de compra lá).

- Senhora, aqui é do aquário.
- Pois não.
- Eu queria avisar que, se a senhora ainda tiver interesse, o seu peixe tá aqui.
- Como assim?
- Eu consegui outro peixe pro outro cliente.
- Quem tá falando?
- É Fulano, dono da loja.
- Tá, fulano, passo aí pra pegar quando voltar pro trabalho.

Ele deve ter comprado o peixe na mão do outro cara. Mas isso não vem ao caso. Fato é que o bendito cauda-de-véu estava lá, num saquinho, do lado do aquário montado.

- A senhora me desculpa.
- Tudo bem. O problema foi que ele me mandou levar o aquário vazio e procurar o peixe em outra loja...
- Ele falou isso?!?!?

Aí eu parei. Não queria ser responsável por mais um na fila dos desempregados. Aproveitei para deixar meu cartão com Fulano, o dono. É que são tantas recomendações e cuidados e instruções para cuidar do peixe que eu sugeri que ele fizesse um folder.

- Liga pra mim, que eu faço esse tipo de material. Quem sabe você não me paga com um cauda-de-véu?

Foi meio sarcástico na hora, com a entonação, e tal. Mas, sei não, acho que um beta não cresce tanto...



Ps.: Conto a história do chocolate depois, porque o post ficou muito grande.

13.3.09

Silenciosos, assistindo

Dudu precisava tirar um extrato no Banco do Brasil. Era por isso que eu estava parada na praça, atrás da banca, por volta das 18h30.

Quando desci da moto já tinha um aglomerado de gente. Vendedores que acabavam o expediente, clientes retardatários, pessoas que passavam. Não era a típica roda fechada que se forma quando acontece algo na rua. Estavam meio espalhados, silenciosos, assistindo.

O centro das atenções era um menino de cerca de nove anos. Ou mais que isso. Não é possível precisar a idade correta quando o corpo é franzino e a atitude, combativa.

Senti muita falta do meu celular naquela hora. Eu tinha que ter filmado aquela cena.

Em cada uma das mãos e em um dos pés, o menino tinha um policial. Três homens adultos, grandes e fardados, tentando barrar os movimentos de onda que o menino fazia. Se remexia com força e chorava. Chorava um choro fino de criança - "me solta, me solta" - mesclado por velhas expressões - "me solta, filho da puta".

Dois meninos mais velhos, acompanhavam tudo, silenciosos, encostados na árvore. Provavelmente eram conhecidos, ou já não estariam ali. Me pareceram, os três, engraxates, mas não posso garantir se tinha alguma caixa por perto. Com certeza, eram meninos soltos...

Achei estranho que os policiais falavam baixinho com o menino: "Assim você vai se machucar, fica quieto pra você não se machucar". Me soou meio falso, mas como eles estavam rodeados de gente, ou de testemunhas, compreendi.

O rapaz da loja de eletrônicos teve coragem de falar: "Deixe ele ir pra casa, moço. Deixa o moleque ir embora". O policial que segurava a mão direita, muito educado, explica: "Se eu soltar, ele não vai pra casa. A gente vai botar ele na viatura e vai levar pra casa".

Com o extrato na mão, Dudu voltou e subi na moto de novo, para voltar pra casa. Mas a cena foi comigo. Enquanto fazíamos a volta, me senti impotente e revoltada. Não sei se é porque sou mãe agora, e mãe é assim mesmo, mas fiquei pensado "e se fosse meu filho?".

Não é sentimentalismo não. Mas é que... porra! Vão levar pra casa. Simples. Mas como é a casa desse menino? Como é o pai, a mãe? Ele tem pai e mãe? O que se passa lá? "Vai deixar ele roubando na rua?" Se ele estava mesmo roubando, no fundo da questão, a culpa não é dele.

Esta porra de país não dá educação, condição de vida, saúde, nada. Aí fica buscando solução - diminuir a maioridade penal, criar outros "centros de recuperação", prender, matar. Ah, tá certo, tudo isso é mais fácil do que se meter a resolver a questão. Remediar, porque prevenir é um buraco bem mais embaixo.

Poucas horas antes tinha visto na internet uma ilustração do Angeli, que entre muitas, foi a única que copiei pro computador. É estranha a capacidade de alguém traduzir seu pensamento de forma tão simples. É mais estranho do que a coincidência.


12.3.09

Vaso em crente??

Minha sobrinha Maria Eduarda é uma figura. Começou a falar super cedo. E tem umas tiradas ótimas.

Uma vez postei aqui a história do jogador que não tomava banho.

Recentemente ela saiu com essas:

- Tia, as luzes do seu prédio são todas alérgicas, né?
- Hein?
- São todas alérgicas. A gente vai passando, elas vão acendendo...
- Automáticas, Duda, automáticas!

Ou então:

- Mãe, vem ver o que eu achei nessa planta! É uma semente de borboleta!

Ou ainda:

Em frente à igreja evangélica Encontro de Vasos.
- Mãe, o que quer dizer "vaso", em crente?

Todo mundo fala

Sempre reparei nas expressões ilustrativas que as pessoas usam nas conversas mais informais. São palavras e frases que se encaixam nos mais diversos contextos. É engraçado, como todo mundo fala:

Precisamos sentar pra conversar.
Não é só marcar uma conversa. É preciso sentar...

Vou guardar isso, porque amanhã ou depois, posso precisar.
Nunca é amanhã, nem depois. É um tempo impreciso...

Vai lá em casa uma hora pra gente conversar.
Não é pra ir uma hora. E é melhor avisar antes.

Oi, como vai?
Não é pra responder de verdade. A pessoa que pergunta só que ouvir: "Bem, e você?"

Qualquer dia eu apareço lá!
Não vou lá por tão cedo...

Pois não!
Sim...

Pois sim...
Não!

Coisíssima nenhuma!
O que é uma coisíssima?

Tava doida de vontade de (alguma coisa)...
Doida, doida, não. Desorientada, vá lá...

E tem mais um mundo de outros exemplos!

4.2.09

Puff!!

Eu só ouvi o ruído seco de algo caindo no chão - Puff!! Estava procurando uma calça preta na loja, não tinha encontrado nada que me agradasse. Peço uma bermuda, a vendedora me traz um shortinho piriguete salpicado de pedrinhas.

No meio desse "esse não, prova aquele, tem quer ser preta, pode ser jeans", escutei o "Puff!!" Antes que eu virasse pra olhar a vendedora magrinha diz: "Estão brigando!"

Quando eu vi aquelas duas mulheres com cara de recepcionistas de clínica de saúde se embolando no chão, exatamente na frente da porta da loja, não acreditei. Em plena sexta-feira à tarde, um Sol de rachar e a rua lotada de gente. Pra quem conhece Conquista, foi naquela alameda, quase em frente ao Spaço Xis.

- Eu vou te matar, sua vagabunda!
- Eu é que vou te matar, sua cachorra!
- Eu peguei você na cama com meu marido! Na minha cama, vagabunda!
- Me respeita, cachorra! Eu vou matar você!

Isso aos berros, o povo gritando em volta, e os meninos que vendem empréstimo para o Itaú, tentando separar.

A vagabunda em questão foi quem caiu no chão. Quando olhei, a cachorra já tinha enrolado metade do cabelo da outra na mão direita e balançava com força. Em desvantagem, a vagabunda só conseguiu agarrar a blusinha de malha da rival.

- Vai rasgar, vai rasgar! - Tadinho do carinha do Itaú.

A mão da vagabunda já estava dentro da blusa da cachorra e saiu de lá de posse do sutiã rosa dela. Eu nunca tinha visto um sutiã esticar tanto! Acho que mais de meio metro pra fora da blusa e ele lá, fechado, sem arrebentar. Devia ter perguntado de que marca era... Pelo menos o menino do Itaú deve ter visto peitinhos tipo recepcionista de clínica.

Enfim, separaram as gladiadoras e elas começaram a catar seus pertences pela rua, uma sandália aqui, um bolsa ali. E seguiu cada uma pro seu lado.

Imagino que caminhavam ainda mal-dizendo uma à outra, com a cara vermelha e o corpo todo pulsando de raiva. Cada uma deve ter achado que deveria ter batido um pouco mais. Mais um chute talvez. "Da próxima vez ela vai ver, vai ver..."

Imagino também que o gostosão da história nem estava por perto. Deveria, sim, estar com outra recepcionista de clínica. E na cama de alguém.

Infelizmente não achei a calça que queria. Na loja da frente, a blusinha foi 29 dinheiros - e é lindinha. O povo de lá também ficou no camarote obrigatório dessa cena triste. E, da mesma forma que eu, também ficou com vergonha por elas. Mas ainda tinha gente na rua, relembrando os golpes e dando risada.

Minha moral da história: É mais fácil eu pegar uma mulher, do que me pegar com ela.

24.1.09

Soneto


A cada canto um grande conselheiro.
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos)
Qualquer semelhança com os tempos atuais não será, de forma alguma, mera coincidência.

14.1.09

Palavras... erradas

A gente se cansa de ver erro de grafia nas placas espalhadas pelas cidades. Mas num dos maiores provedores de e-mail do mundo? É duro!!!

Increver-se?



Repare que no botãozinho mais embaixo "Inscreva-se" está escrito corretamente!

E não venha colocar a culpa na reforma ortográfica...

13.1.09

Definição

Sempre me preocupei em saber o que o meu nome significa ( e, por tabela, o nomes dos conhecidos também). O fato é que em todos os lugares a definição de Shirley sempre foi: "do prado brilhante", algo como campos brilhantes ou, como tive que esplicar uma vez, fazenda brilhante. Chato né?

Nunca me senti definida por esse significado, apesar de adorar o meu nome. A boa notícia é que encontrei por acaso num site uma definição bem legal, que "bateu" comigo.

Shirley: A que debate, questiona e está sempre alerta.

Curiosidades - Shirley é um nome formado a partir de três palavrinhas do inglês arcaico. Uma delas se refere ao imenso pátio onde os homens livres debatiam as necessidades do povo em assembleia. Outra teria a ver com o homem líder da família e da comunidade. Pois era isso mesmo: Shirlei ou Shirley, se preferir, era primeiro um sobrenome e, depois, prenome de garotões. A ousadia veio da escritora Charlotte Brontë, que em 1849 escreveu uma novela, Shirley, sendo essa Shirley a heroína das peripécias.

Adorei o significado, a história dos homens livres debatendo as necessidades do povo e a idéia de ser a heroína de peripécias. Lógico, vou dar um jeito de ler o romance.

Essa é Charlotte Brontë:


E essa é a capa de uma das edições de Shirley:


Minha cara! rsss

12.1.09

Chuva

Adoro ver chuva. Já esperei pela chuva como se tivesse combinado que ela viria.
A de hoje foi super forte, linda, poderosa! Essa é a visão que tenho da antessala da minha sala.
Ps.: Antessala ficou feio com a reforma ortográfica, né?

2.1.09

Reveillon e resoluções 2009

Minha noite de reveillon foi bem parecida com a do ano passado. A diferença é que dessa vez, Caio estava nos meus braços, e não na minha barriga. Foi uma festa família, simples e deliciosa. Parece que a receita para não sentir o vazio que eu sentia antes é mesmo curtir o povo de casa. Teve espumante no gargalo, teve contagem regressiva e gritos de "Feliz Ano Novo" no meio da rua, teve muitos abraços e teve meu chester - o primeiro que eu preparei em toda a minha vida! - que estava uma delícia.

Seguem minhas resoluções de Ano Novo:

- Acompanhar incessantemente o desenvolvimento do meu filhote;
- Curtir mais o meu marido - e dizer sempre: "Já falei que te amo hoje, Du?";
- Manter a organização da minha casa e dos meus horários;
- Pela terceira vez consecutiva - voltar a malhar;
- Fazer minha cirurgia de miopia;
- Tirar a carteira de habilitação;
- Me preparar para o mestrado;
- Conversar sempre, e muito, com a minha família - em especial minha mãe e irmã;
- Curtir minhas sobrinhas;
- Aprender algo novo - outra língua, outro programa de computador, qualquer coisa.

Espero que no fim deste ano toda essa lista tenha avaliação 5 estrelas.

Um execelente 2009 pra você!