25.8.07

Oito décadas e seis anos



Tente imaginar o que significa, tudo que pode acontecer, toda história contida em mais de 8 décadas. Lembre-se da famosa Semana de 22, que você estudou no ensino médio: de lá pra cá são mais de 80 anos. Pois é. Meu avô completa hoje 86 anos.

Por mais velho que você se considere, você consegue imaginar isso? Toda a minha vida, todinha, é só uma partezinha da vida dele.

Há pouco mais de um ano tive uma idéia, planejei e não fiz. Hoje, finalmente, saí com meu avô para almoçar! Fomos comer carneiro, num restaurante, para comemorar os 86 aniversários do meu vô Domingos.

Quando falei com ele que queria levá-lo para comer carneiro num restaurante, ele me disse: "Será que eu ainda presto pra comer em restaurante?" Aí percebi que isso seria uma coisa importante. Algo que seria divertido pra ele, mas que pra mim... Bem, eu não me perdoaria se não fizesse.

Há uma semana a gente marcou. Ele viria até minha casa, e de lá a gente iria para o tal restaurante. Acordei hoje pensando: "Será que ele vai se lembrar?" Pois não só se lembrou, como chegou todo arrumado. Meu vô não é apenas lúcido, apesar dessa idade toda. Seo Domingos é independente. Então fomos - eu, ele e Duda - não sem antes cantar o famoso "Parabéns pra você".

O Asa Branca é um restaurante muito bom: as três gerações aprovaram. Apesar de o pedido demorar um pouco (dizem que a comida é feita na hora), o atendimento compensou. Garçons e gerente cumprimentaram meu vô, conversaram com ele (o que é muito importante para quem tem mais idade: "O rapaz aqui é bom de prosa, né?"). Comemos o Pernil de Cordeiro, com arroz, feijão de corda e salada. Recomendamos. No final, o gerente não cobrou a cerveja que Seo Domingos tomou. Ponto pra eles. (Isso mesmo, meu vô fuma e bebe desde os 14 anos de idade!)

O mais importante de tudo, penso eu, são as lembranças que você guarda da vida. Vou guardar pra sempre, a imagem dele, sorrindo, batendo com a mão aberta na barriga: "Estou satisfeito, graças a Deus!" Espero que este tenha sido um momento agradável pra ele, nestes milhões de momentos que formam 86 anos. E que meu vô esteja aqui por muito mais anos... E que você tenha a oportunidade de passar bons momentos com as pessoas que são importantes para você. Nenhum de nós vai ficar aqui para sempre...

Ps.: Estou escrevendo a história do casamento do meu vô Domingos, com minha vozinha Philomena, de quem tenho 15 anos de saudade. A idéia inicial era fazer um post pra este blog. Mas eu me empolguei e estou no terceiro capítulo... rsss. Vou postar cada um aqui, mas só quando terminar.

Ps.1: Na foto: eu e meu vô Domingos, (lógico), acompanhados da minha irmã, Sheila, a mãe de Duda.

Ps.2: Se quiser conferir, o restaurante Asa Branca fica na rua Presidente Vargas, no bairro Alto Maron, próximo à praça Gerson Sales. Vá com pouca fome, pois até o pedido sair você vai estar no ponto. E a comida é muita.

19.8.07

Viciada

Sempre fiquei pensando como seria ser uma pessoa viciada. Depender de algo e passar por crise de abstinência... Meu pai era viciado em cigarro. Parou na década de 90 e acho que a crise dele dura até hoje. Ansiedade. Pura, simples e intensa. Mas essa é outra história.
Descobri que tenho um vício. Sempre tive, desde que me entendo por gente. Engraçado que tive um estalo, e descobri. Quando escrevi no topo do layout desde blog a palavra vício, não tinha a menor idéia de que estava dizendo a verdade. Acho que foi intuição.
Acontece que estou lendo (eufemismo, estou devorando) o livro "O Caçador de Pipas". É um livro denso, vertiginoso. Mas faço a resenha em breve, prometo. Foi numa pausa que me obriguei a fazer na leitura que eu descobri. Sou viciada em ler.
É sério! Tenho que fazer um esforço enorme para não injetar o livro na veia de uma vez só. Ou melhor, aspirar os capítulos, letra por letra, direto para o cérebro. Exemplo: Saio do banho, de toalha, sento na cama. O livro do meu lado é mais forte do que eu. Quero me vestir, estou com frio. Mas leio uma, duas páginas, só mais um capítulo... É um imenso esforço me obrigar a parar e me vestir.
Foi sempre assim. Lembro de estar varrendo a casa, entrar no quarto e "esquecer do mundo com o livro na mão", como gritava minha mãe. Só que não esquecia do mundo. Pelo contrário. Viajava pelo mundo. Viajo até hoje. Acabei de voltar de Cabul, pouco antes de vir pra essa lan house. Me obriguei a vir, com Bruna, filha de Dudu. Hoje é domingo, "O Caçador..." eu comprei na quarta. E ainda faltam umas duas ou três páginas...Na quinta e na sexta, fiz um grande avanço. Consegui não levá-lo para o trabalho. Eu me conheço: ia atrasar tudo que eu tivesse pra fazer.
Já está decidido: Vou comprar um livro por mês. Porque se comprar um por semana, não faço mais nada da vida.

4.8.07

Uso político, né?


Jornal Nacional, 03 de agosto de 2007. O assunto mais uma vez era o acidente com o avião da TAM, em Congonhas, São Paulo. Mas uma coisa estava diferente dos outros zilhões de reportagens sobre o caso exibidas pela Globo.
O jornal fazia questão de dizer que o conteúdo das caixas-pretas não deveria ser divulgado para que não se fizesse uso político dele. Primeiro, o conteúdo já foi divulgado aos quatro ventos, inclusive pelo próprio JN. E segundo, desde que a primeira imagem do acidente foi gerada, o que se tem feito é uso político do caso.
Todos os jornalistas que eu vi cobrindo o acidente se referiram, logo no início, ao fato de a pista do aeroporto estar molhada como a causa do acidente. "Descaso do governo", era a mensagem. Ninguém tinha certeza de nada, mas ninguém se preocupou com isso. Investigaram, descobriram, julgaram e condenaram em poucas horas ou minutos.
Que fosse culpa do presidente, mas não se pode afirmar categoricamente se isso não for verdade. Não quero defender Lula ou qualquer um que trabalhe com ele. Quero defender a responsabilidade na informação. Quem está sendo visto, ouvido e lido por milhões de pessoas pode simplesmente falar o que acha? Não. Mas a questão é mais embaixo: o interesse que as grandes empresas de comunicação têm no caso. Ou você acha que a identificação do problema com o governo foi mera coincidência?
Nesse ponto eu entendo o cara dos gestos "obcenos". Ponha-se no lugar dele. Um problema grave, de nível nacional, está sendo creditado a você. Você está com a corda no pescoço e de repente descobre que foi precipitação dos que te acusaram e o culpado pode ser outra coisa. O que você faz? Eu faria a mesma coisa. E não seria desrespeito com as famílias. Aliás, outro problema do Brasil é querer procurar culpados em vez de soluções. Que adianta saber quem errou? Adianta saber como não acontecer de novo.
O fato é que divulgaram o conteúdo das caixas-pretas e nada indica que a primeira suposição estava correta. Agora, na hora que o governo podia usar essas informações para dizer que a mídia foi precipitada, eles se apressam em dizer que não se deve fazer uso político das benditas caixas. Foi ridículo. Minha frustração é saber que nem todo mundo tem capacidade crítica para se posicionar, concordando racionalmente ou discordando da mesma forma, em relação ao que vê na TV. Por isso, mais uma vez: responsabilidade na comunicação, pelo amor de Deus!

Ps.: Pensei em colocar a famosa imagem da cauda do avião da TAM para ilustrar este post, mas penso o quanto deve ser difícil, para a família e para os amigos de quem estava no vôo, ficar vendo aquela imagem o tempo todo, em todo lugar. Sensacionalismo também é ridículo e desrespeitoso.

2.8.07

Heloisa


Olha só como anda minha vida: Minha sobrinha nasceu no dia 22 de junho e só hoje pude colocar a foto dela aqui...Heloisa nasceu com 49 centímetros, 3 quilos e 140 gramas. Acho que 140 gramas é só de cabelo... Parece que o cabelo vai continuar liso e escuro.

Sheu tá sofrendo, coitada. O parto foi rápido e, guardando as devidas particularidades, foi relativamente fácil, apesar da dor. Mas agora a fofinha mama tanto, que a minha irmã sente dores. Muitas. Outro dia Helô deu um susto na família toda. Teve um refluxo e engasgou. Ficou roxa e tal... Descobrimos que ela tem refluxo, dor de estômago e azia! É mole?? Tá tomando remédio, tadinha.

Já Duda vem se mostrando tranqüila. Grudada com titia, mas tranqüila. Só tem um nojo de fralda suja...

Aí fico pensando como será quando eu tiver o meu filho. Estou pensando muito nesse assunto ultimamente, e realmente tenho vontade de ter um bebê. Só tenho medo de faltar grana. Meu filho sendo saudável, o resto eu me viro. Uma coisa é certa: pelos menos 15 dias embaixo da asa da minha mãe quando o bebê nascer.

Mas será mesmo que vou ter um filho um dia? Tenho medo de não ter. De não poder, de adiar demais, sei lá... Fico triste pensando nisso. Por enquanto vou curtindo Dudinha e Helô...