Sabe uma coisa que pode ser muito interessante? Conversar com criança. Ouvir mesmo, de forma respeitosa, as idéias dela.
Professoras geralmente tem ótimas histórias. Uma delas perguntou pra turma o que era uma despensa e uma garota falou: "É quando a gente esquece. Porque a gente pensa, depois a gente despensa".
E tem a música da minhoca ("Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca. Não dou, não dou. Então eu vou roubar. Smack! Minhoco, minhoco, você é mesmo louco: beijou do lado errado, a boca é
do outro lado"). As crianças não tem essa mente poluída que a gente tem. Quando a professora perguntou "onde o minhoco beijou?", as crianças responderam "na nuca"!
Tem um monte dessas coisas deliciosas que as crianças falam, e que a gente ouve falar, mas uma delas me assustou. Soube dessa história, mas a pessoa que me contou não falou quem era a criança, claro, nem a escola...
A garota tem uns seis a sete anos, e a família tem muita grana. Aí ela resolveu que não queria aprender a ler. "Porque não, fulana?" "A minha vó é rica, tudo que é dela vai ser meu. Pra quê
preciso estudar?" O único argumento que parece ter funcionado com ela foi o que a professora usou: se você não souber ler, as pessoas vão te enganar e te roubar. Pois é.
É o tipo da criança que não faz nada sozinha, tem sempre alguém pra fazer por ela. Pra comer, pra se vestir, qualquer coisa, a babá está lá. Chegou ao ponto de ir pra escola e se ninguém
abrir a lancheira pra ela, ela não come.
Um dia, tiveram a idéia de levar a filha da empregada pra brincar com ela. A menina era mais nova. E mais independente, claro. Foram para o computador (brincadeira desse tipo de criança é
computador, né?) Aí a menina tascou o pau lendo na internet e a anfitriã não gostou. Achou um desaforo e bateu na visita.
"Porque você bateu nela, fulana? Isso não pode..." "Mas, vó! Porque você está brigando comigo? É só a filha da empregada..."
É essa a nossa novíssima geração?? De quem é a responsabilidade?
2 comentários:
Shyrloca,
Como gosto de ler os seus escritos. Prosa jornalística com bouquet poético.
Abraços,
KAF
Shirlinha! Foi minha irmã que foi escrevendo enquanto eu falava o que ela tinha que escrever. Eu tava fazendo uma logo no notebook e tinha que postar aquela foto. Foi mal mesmo, foi açoita-la mil vezes.
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