11.7.09

A novíssima geração

Sabe uma coisa que pode ser muito interessante? Conversar com criança. Ouvir mesmo, de forma respeitosa, as idéias dela.

Professoras geralmente tem ótimas histórias. Uma delas perguntou pra turma o que era uma despensa e uma garota falou: "É quando a gente esquece. Porque a gente pensa, depois a gente despensa".

E tem a música da minhoca ("Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca. Não dou, não dou. Então eu vou roubar. Smack! Minhoco, minhoco, você é mesmo louco: beijou do lado errado, a boca é
do outro lado"). As crianças não tem essa mente poluída que a gente tem. Quando a professora perguntou "onde o minhoco beijou?", as crianças responderam "na nuca"!

Tem um monte dessas coisas deliciosas que as crianças falam, e que a gente ouve falar, mas uma delas me assustou. Soube dessa história, mas a pessoa que me contou não falou quem era a criança, claro, nem a escola...

A garota tem uns seis a sete anos, e a família tem muita grana. Aí ela resolveu que não queria aprender a ler. "Porque não, fulana?" "A minha vó é rica, tudo que é dela vai ser meu. Pra quê
preciso estudar?" O único argumento que parece ter funcionado com ela foi o que a professora usou: se você não souber ler, as pessoas vão te enganar e te roubar. Pois é.

É o tipo da criança que não faz nada sozinha, tem sempre alguém pra fazer por ela. Pra comer, pra se vestir, qualquer coisa, a babá está lá. Chegou ao ponto de ir pra escola e se ninguém
abrir a lancheira pra ela, ela não come.

Um dia, tiveram a idéia de levar a filha da empregada pra brincar com ela. A menina era mais nova. E mais independente, claro. Foram para o computador (brincadeira desse tipo de criança é
computador, né?) Aí a menina tascou o pau lendo na internet e a anfitriã não gostou. Achou um desaforo e bateu na visita.

"Porque você bateu nela, fulana? Isso não pode..." "Mas, vó! Porque você está brigando comigo? É só a filha da empregada..."

É essa a nossa novíssima geração?? De quem é a responsabilidade?

2 comentários:

Kaf disse...

Shyrloca,

Como gosto de ler os seus escritos. Prosa jornalística com bouquet poético.

Abraços,

KAF

Tijolo disse...

Shirlinha! Foi minha irmã que foi escrevendo enquanto eu falava o que ela tinha que escrever. Eu tava fazendo uma logo no notebook e tinha que postar aquela foto. Foi mal mesmo, foi açoita-la mil vezes.